terça-feira, 26 de outubro de 2010

Vênus (Paulinho Moska)



Composição: Paulinho Moska

Quando a sua voz me falou: vamos
Eu vi deus sentado em seu trono: vênus
A religião que nós dois inventamos

Merece um definitivo talvez... pelo menos

Perceba que o que me configura
É sempre essa beleza
Que jorra do seu jeito de olhar

Do seu jeito de dar amor
Me dar amor


Não te dei nada que seja impuro
No futuro também vai ser assim
Se hoje amanheceu um dia escuro
Foi porque capturei o sol pra mim


Perceba que o que te configura
É sempre essa beleza
Que jorra do meu jeito de olhar
Do meu jeito de dar amor

Te dar amor

Perceba que o que nos configura
É sempre essa beleza
Que jorra do nosso jeito de olhar

Nosso jeito de dar amor
Nos dar amor


Não falo do amor romântico,
Aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
E pensam que o amor é alguma coisa
Que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,
Antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.

Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?
Minha resposta?

O amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
O amor será sempre o desconhecido,
A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.


A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
Decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
E nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor e não podemos castrá-lo.

O amor não é orgânico.

Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.

Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha
E nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.


O amor brilha.
Como uma aurora colorida e misteriosa,
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio
Porque somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo.

O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
Me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.


E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.
 

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ao infinito



Seu olhar guarda a ternura das palavras que não precisam ser ditas,
Simplesmente sorriem e transmitem toda a paz,
Meu porto seguro, meu caminho
É tudo o que sei, sinto
Assim, me pego a viver um sonho
A tradução de nossos anseios
Tal qual uma simbiose inabalável
De idéias e ideais
Numa existência palpável

Nossas conexões são infinitesimais
O mundo e nossas linhas, imperiosos paralelismos

Amo sua permanência em minha existência
Que ilumina, irradia
Fascina-me sem explicação
Tens um olhar nítido, lúcido, inspirador

Eu possuía a mania de caminhar por aí
Sem resistir à tentação de te observar
Entenda, sempre te quis demais
É tudo aquilo que meus olhos refletem

Como o inesperado essencial
Sinto-me renovada a cada novo olhar

Desvendando a eterna lógica do infinito
A eterna novidade do existir

Nosso mundo é um bemmequer

Opte-mos por sentir, por nos emocionar
Em prol da intensa felicidade
Deixando prevalecer a eterna inocência

É toda a calma que reina
Todo o desejo de amar e existir

Ilumina minh´alma como um sol, enchendo-a de encanto
Estamos aqui pra trilhar o caminho juntos, sem mais distâncias

Como uma história boa para se ler, danço com as palavras
Que me ditam qual rumo tomar

Mas é o coração que sente e canta, todo o encanto

Vem comigo, que o nosso destino é de quem deseja voar
Enveredar por entre os sonhos e abraços perfumados de sentimento

Nossa existência pulsa, divaga feito onda pelos ares
Transmitindo uma paz infinitamente maior

Sobre a insustentável leveza do ser, do amor e do riso
Pintemos inúmeras telas coloridas, repletas de sabores, sons, ritmos e sentimentos

No início da criação do nós

Nosso mistério será o existir à beira de uma permanência feliz

Que estejamos sempre repletos


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Linhas


Aviva estes fios, desata estes nós, transforma este novelo, tricotando novas linhas, tecendo variados destinos para nós. Seguimos em linhas paralelas que por fim, hão de se encontrar no infinito, onde vive todo o encanto. Não é preciso sempre querer tudo agora, pois o que virá será sempre surpresa.

A vida anseia por ritmos, cores, sensações e devaneios, em minh´alma impera o compasso do sonho, escorregando para não cair, coração sonha com intermináveis auroras pela manhã, onde o nascente é uma felicidade alegre, mas sempre devagar para não cair, para não deixar a saudade reinar. Hoje escolho afinal, a minha paz.

Quero ver reinar o amor, ver sol e luar iluminando meus pensamentos, compartilhar toda minha lembrança, desfrutar dos passos, cruzar variados caminhos, sempre pra te alcançar, convidar para uma dança a mais, sem jamais esquecer o destino que se resume a nós. Estou apenas procurando o sossego e um pouco mais de amor.

E se existir amor, que ele não me diga adeus.

domingo, 17 de outubro de 2010

Descoberta sobre o tempo



Sinto como se meus dedos estivessem carregados de eletricidade, em busca de me revelar alguma verdade através das palavras, sim. Houve um tempo em que eu escrevia, efetivamente, decorrido um tempo passei a escrever satisfatoriamente, alternando entre estilos, na peculiaridade que toma por ponto de partida a forma, não desprezando o cultivo da parte sensorial e técnica para penetrar no espírito.
Tal qual um musicista que com o zelo de compreender a parte sensorial, seus esforços em decifrar por meio da parte sensorial, sonora, as sensações provocadas em distintos espíritos, possuidores de divergentes estilos musicais.
A arte da escrita, não consiste apenas em argumentações, figurações e impressões mentais que abstraímos, expressamos através dela, é relevante o prazer dos sentidos, no olhar, no compasso da imaginação, no colorido, no atrito dos pensamentos e excitação do ego.
Faz-se poesia, com todo o amontoado de pensamentos, vivências, experiências e sonhos, quem não as compreende não se deve pôr a falar a seu respeito, pois é uma arte que não se pode em absoluto ser compreendida. Para dominá-la seria necessária uma excepcional dedicação e arte, para, da missão daí decorrente, extrair a quintessência, possibilitando a síntese permanente entre os contrastes do que se quer ou não transmitir.
O receio de não ser compreendido, não deve se tornar penoso, pois é possível através de tal troca tornar-se companheiro de idéias ou vir a ser uma simples conversa, sem conversão de opiniões do leitor.
Através da leitura deparo-me com idéias, com as quais não posso simplesmente discordar, porque fazem surgir o apelo da minha voz interior que por vezes muito se inclina a dar-lhe razão. Talvez seja a voz de minha natureza que está em aberta contradição as minhas usuais concepções.
Por ora, vejo que cabe confessar com completa franqueza, que naqueles tempos, em que escrevia efetivamente, tive a vaidosa idéia de abandonar a escrita e prosseguir com outras atividades evitando conhecer a necessidade da luta pela escrita, mas ainda possuía o anseio de dar vida ao espírito e a verdade, mas cheguei a um ponto em que não conseguia avançar, e comecei a duvidar do valor das escolhas daqueles que [in]conscientemente não se entregam aos seus destinos, em busca de um substitutivo brilho efêmero, intelectual e artificial, de uma vida genuína e realmente vivida.
Em resumo, estava em crise. Onde todo esforço intelectual e toda busca se torna duvidosa, desprovida de valores, e me inclinei a admirar aqueles que nos parecem viver com tamanha naturalidade, completos e felizes, mas nada sabemos de suas necessidades e dores. Encontrar-se em um estado de espírito assim, é difícil de suportar.
Pensava então nas maravilhosas possibilidades de fuga e libertação, pensei em sair pelo mundo como viajante, recitar em praças. Até surgir a vontade de envergar um novo destino, de tal modo me dispersei, que sozinha não conseguiria resolver meus problemas, necessitando de auxílio alheio.
Naturalmente, quando estamos em dificuldade e nos desviamos do caminho, é que sentimos a maior repulsa em retornar ao caminho normal e procurar um corretivo.
Eis que eu possuía um amigo, ímpar dentre os demais, o qual sempre me inquiria com tal minúcia que por vezes parecia pedante sobre a minha vida, todavia, eu confiara a ele as minhas preocupações, eu o forçara a dar-me atenção, e em troca respondia suas perguntas, tais respostas faziam-no invadir ineroxavelmente nas minúcias, à medida que minha vida ía sendo analisada.
Deixou de fazer-me apenas uma pergunta:
- Você sabe onde está o erro?
Fez-se o tempo de readquirir o controle sobre mim e sobre minhas forças, com o auxílio de outrem. Tendo eu tomado a liberdade de arriscar novas decisões repentinamente, pelo menos deveria ter notado logo o mal daí decorrente, com o tempo perdi até a consciência da minha omissão, e foi preciso que me lembrassem o erro.
Quanto mais exigirmos de nós próprios, ou a nossa ocupação exigir de nós, tanto mais devemos nos aproximar da renovação do espírito e alma, então inclino-me a meditar sobre toda essa trajetória.
Tornar-se uma fanática, ou deixar um sonho ambicioso apossar de suas faculdades, é inapelável. Só percebemos quando já não encontramos mais o nosso caminho.
Coloquei-me então a caminho, essa primavera de liberdade é não rara uma época de intensa felicidade, sem a precedente ilusão de outrora.
É espantoso o espetáculo de inconsistência das coisas, o desvendar da verdade diante de nossos olhos, é um organismo venerável, que se estrutura no decorrer de inúmeras gerações, encarnações, que se estrutura na florescência, essa que continha em si o germe da indiferença.
Não fora apenas um acaso bem especial, o fato de ambos, essa mulher de sentimentos delicados e esse homem de caráter firme, ilusionário e sensato a um só tempo, devia haver algum traço de união entre ambos, para que o mesmo imã houvesse exercido tão forte atração sobre eles, surgira uma forma de amizade, para ele um intercâmbio de idéias, para ela um novo período no caminho do seu despertar, que era para ela o significado máximo da sua vida.

É que esse era o caminho.

sábado, 16 de outubro de 2010




Busca mis ojos,
toma mi mano, acércate.
Este es tu sitio,
ésta es tu taza de café.

No digas nada,
dices con la mirada más de lo que crees.

A la deriva,
llevas el alma en el timón.
Vas por la vida,
solo escuchando al corazón.
Buscas un puerto,
buscas un cielo abierto
lejos del dolor...

Tanto camino,
tanto buscarte en otra piel.

A tu destino
querías mantenerte fiel.

Princesa herida,
el teatro de la vida
cambia tu papel...


[Raquel – Jorge Drexler]

Perto demais




Percorrendo as ruas dessa cidade, deparo-me com a pressa de indivíduos apressados em alternar as cores do semáforo, contrapondo o meu desejo de manter o sinal vermelho por algum tempo, sem pressa.

Então, o trânsito dispara, ao encontro de novos cruzamentos e alternativas, disputando algum espaço, aptos a prosseguir.

Nessa saga de seres transitáveis, sobressai à mágica que entrelaça o destino das pessoas, então penso em desvendar, tais emaranhados de histórias e existências notáveis.

Chego à conclusão de que poderia dar outra forma à minha própria existência, pelo desejo de despertar, após a partida da tempestade que em mim ameaçou fazer morada.

Não estou à procura de álibis, argumentos para os demais
Quero apenas me convencer, a mais ninguém
De que aquele amanhecer, não foi para sempre

Pessoas cruzam o meu caminho
Tento não deixar de observá-las
Percebo que elas constroem lugares que não alcanço

Então por aí, enquanto você vive, estou à espera de alguma vaga idéia.
Darás formas famigeradas ao ser poeta
Consumirá desse mundo, passando adiante
Quem é que precisa preparar uma avenida
Para toda essa pompa passar

Seja tal qual o saltimbanco eloqüente
Expressando toda proeza e praticidade de ser
Mostre como é que se faz, quando se quer viver

Até que alguém pegue em suas mãos garota
E permita a recriação de você mesma

Abandonando o desassossego de ser, para encarar a perda das coisas boas que deixaste no caminho, sem a idéia de pensar que estarás sempre por aqui.

Toda vida é feita de experiências diárias, baseadas em decisões possivelmente erradas.

Já houve um tempo precioso, agora já são outros
Afrouxemos o ego

Afinal, a distância para se chegar aonde se quer é restrita ao passo
Que torna-se infinito enquanto não cessa
E para quem vive de encarar qualquer estrada aberta
Torna-se maldito aquele que prende o passo
Caminhemos

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Lição


O que tenho feito, senão alimentar o intento de ser inteira? Não havia me imaginado assim, desvencilhando subterfúgios. Observar o que há de melhor e pior para se ver e viver, extraindo promessas inspiradoras, não é uma lição que nos é ensinada. Cresci, desvendando as inúmeras vontades que acabam nos dominando, sem muita disposição para abandoná-las. O imediatismo de ser, esse eu que surge depois de todo o querer, para finalmente existir. De certo, o passado ficou restrito ao inconsciente. Quem é que pode com essa pressa de viver? Como poderia imaginar que seria preciso aprender a errar, para então saber o que é sofrer? Se é que isso se aprende. Hoje já me desdobrei várias vezes, alternando as variadas formas de ser, ora repleta, ora ausente, silenciando por vezes diante um olhar que renasce. Os acontecimentos são tais, que atravesso extensos corredores, repletos de universos paralelos expostos à minha vivência curiosa, ansiosa também por conhecer. Já me perdi um par de vezes, carregando comigo nada mais do que o tempo que me foi dado, a parte que me cabe é reinventá-lo.

A cada novo dia, amanhece comigo a esperança de criar um novo fim, então recomeço. Agradeço a oportunidade de cá estar, visto uma roupa qualquer, ouço um pouco de Drexler para os ânimos alegrar, paro os ponteiros do relógio, para a corrida contra o tempo não reinar. Mesmo que o dia, não modifique as incertezas fazendo sobressair um ocaso olhar triste, desejo que prevaleça a vontade de reinventar. Ainda que isso de início nada simplifique.

Não estou à espera de acontecimentos, eles vêm ao meu encontro, pululando meu ser. Pela arte de render-se às sensações de viver, ampliando o vasto horizonte consciente, para diuturnamente reconstruir ligações ora cabíveis, ou não, associando vontades, recheios para um posterior roteiro de um sonho qualquer.

Eis que no dia de hoje aprendo mais uma lição, novos argumentos para com a forma de lidar com o tempo. Minha caminhada não mais cede à pressa. Todo silêncio contrapõe ao ânimo de existir. Mas de sobressalto, vem uma recordação, que me carrega o sossego, creio que em um certo dia revolto, minhas palavras não acompanharam o passo do coração. O que há, o que houve, é que de fato no fundo ninguém quer partir, assim, deixar de pertencer dessa forma. Abandonemos a idéia de interditar cativos corações de distintos universos paralelos, em prol de obter causas ganhas. Não há que se falar, a não ser que nessa vida, vivo de me curar, e talvez deva encerrar confessando que eu te deva algumas destas palavras, tentando ser franca, tal qual possa não ter sido outrora. É que meu não, bem sabes não foi seguido de certezas inabaláveis.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

À beira das coisas



Aqui dentro, o tempo se dissolve densamente
Numa dança alucinada e lenta
Como as partículas, sim as partículas de poeira
Que se esvaem por toda a extensão da luz que atravessa a janela alta

E lá fora há um mundo
E aqui dentro, há o pequeno reflexo do mundo

Reflexo estampado pelo vidro da janela
Um rascunho do mundo, um minuto, minutado

Esta num punhado de areia, numa folha que dança
Alça longo salto antes de alcançar o solo
Minutos antes de desprender-se da árvore, do galho, da vida

No final de si e no começo que já não era
Pela janela, estão nas coisas

Dissolvi a imagem do mundo

E como observasse as pessoas de um alto edifício
Pude notar como correm preocupadas com suas vidas
Pequenas, transferíveis

Estranhamente pude sentir esta nossa
Pequenez

A descoberta de que fui fluída, dissolvida, durante toda a vida
Fluída, drenada para fora do meu próprio corpo
Atingindo formas, sendo criada, esculpida, como as cores em uma pintura

Não são apenas, tela, tinta e pincel
É a criação de algo que ainda não existia, na tela, em mim

Diferente de ser exposta numa bela sala, num museu, é ser exposta ao mundo
Um traço, uma linha, que pulsa descompassada, os contornos, a pulsação, sugados a um único ponto, que seja!

Sou eu, em uma eterna metamorfose

Você sabe quando busca algo sem compreender
E sabe quando encontra

Queria vida, vida, dor e sentimento
E acabei descobrindo
Quase enlouquecendo

A sensação de estar à beira das coisas

Sinto-me, como Clarice disse certa vez em um de seus livros:

- “(...) compreensões sobre coisas como andar, olhar para as árvores altas, esperar de manhã clara pelo fim da tarde, mas esperar só um instante, (...) prestar atenção ao silêncio quase pegando com o ouvido um rumor, respirar depressa, pôr a mão expectante sobre o coração que não parava, (...) oscilar de olhos fechados, (...) - o espaço em seguida tonto como antes de uma terrível chuva - , (...) variando com cuidado o modo de viver. O que a inspirava era tão curto. (...) “

Assim, quase sem compreender ao certo como cheguei até aqui

Esta minha forma nascera, o fato é que sou a única responsável

E isto vai além de uma sensação ou descoberta...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ventura

Creio nunca ter compreendido, tal qual como agora
Talvez isso aconteça porque eu o vejo pela primeira vez
Como alguém que tenho de deixar

E de quem preciso despedir-me

Para mim há nessa partida, algo de imponente
Tal como quem parte para sempre, desligando-se por completo
Dominou-me a decisão de partir
Apesar de aparentemente
Não conseguir deixá-lo realmente
Pelo terrível fato de ter cometido um erro, mas, seja como for

Ao menos, fizeste alguma coisa, realizaste algo

Foi preciso coragem para tanto

Os ajuizados, aplicados, pacientes
Nada fizeram, nada ousaram

Quero a coragem do desapego, para então seguir
Caminhar, a fim de tornar-me alegre novamente

Além do silêncio, merecidamente imposto, que me é dado
Por quem de fato não irá prover desculpas

Dizem que somos aptos a tudo, para satisfazermos nossas exigências
Não seria preciso impulso maior, do que dirigir o desejo
Para não mais ver crescer este silêncio

Afinal, somos catalisadores de simpatias e aversões

Pode-se ter a aparência mais calma do que de uma pessoa apaixonada
Tal labareda pode não ser visível, mas esse homem arde e queima

Confesso, não consigo pensar noutra coisa
Além de formulações sobre tal perda
Na indagação de que em parte alguma existe a certeza
Apesar da esperança de que tudo pode ser decifrado


Descobrirás o que há nisso de verdade
Cada um de nós é apenas uma experiência, reinvento
Tenho aspirado o aperfeiçoamento, consciente da vaga idéia


De que a verdade é desvendada se vivida, não imaginada

domingo, 10 de outubro de 2010

Sem mais





Quero desatar os nos do imediatismo
Desvendar essa força que obstinadamente
Faz-me voltar os olhos compassivos
Para sua permanência na minha existência
Um dia, quem sabe, compreenderá
Tal qual, minha intempestividade e existência
Talvez deixar de contar-lhe o que se passava cá dentro
Um amontoado de vivências, ora conseqüências
Seria a solução, para evitar possíveis erros, acertos?
Este canto, esta por demais cansativo, triste
Se eu tivesse imaginado, por um instante
O mar revolto em que mergulharia
Não há definição para tamanha ausência
Apenas quero registrar minha crença
De que nem tudo esta perdido
Ainda há o anseio, por construir, reinventar
Abrir o coração para um distinto universo paralelo
Deixar sê-lo, mesmo sendo desconhecido

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Setembro

Abandonar esta forma de ser, seria um alento
De fato, a metamorfose consome minhas idéias e ideais
Sou a inconstância de meus pensamentos incessantes

Tal qual a intempestividade das velas hasteadas

Minha teimosia, fruto dessa insistência irresponsável
Dá asas ao desassossego
Afinal, de que vale toda essa razão
Viver numa incansável fuga

Por fim, resta-me a solidão de estar só
Para então contemplar as reais possibilidades
De ser um alguém qualquer que não eu

Veja só, onde vim parar

Sim, a chegada do sonho se fez atemporal, também acreditei
De certo, foste o maior incentivo para minha chegada até aqui
De outra forma estaria vivendo mais do mesmo

Quem é que tem a certeza, de que na certa ao final dará certo?
Resta-me a vontade de sair mundo afora
A fim de preencher o vazio que me foi dado
Pelas ilusões da tão sonhada felicidade

Haveria ainda tempo para aprender depressa
A arte de não ser demasiadamente inoportuna
Não por capricho, obsessão, apenas singelo anseio

Para então chegar, sem mais

Não vou parar de caminhar
Essa busca é tudo o que tenho
Haverá sempre uma nova forma de olhar
Para o que ainda hei de contemplar
Sem jamais deixar de registrar
Que o que vivi nunca há de me deixar

Ademais, sigo em frente
Levando comigo uma paz aparente
De que o caminho me trará a resposta

Pode ser até de que um dia, sim, evidentemente
Junto de ti, fui muito mais contente

Mas as palavras não me cabem mais
Depois de toda divagação
Eis-me aqui

A vida nos espera

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Agosto

Estava deixando-me estar
Veja só você, a pura insistência de quem busca uma razão
Sob um amontoado de infindáveis projeções e reafirmações
Numa incansável fuga
Buscando um mundo idealizado
Mas veja só, onde vim parar
É preciso um novo olhar
Sobre o que tem sido, sempre
Sem demora
É o que me faz acreditar
Essa busca me fez retornar para onde sempre foi o meu lugar
Indo de encontro com a melhor parte de mim
A metade faltante
Eis que me deparo com a possibilidade de fazer a escolha por um novo começo
E então deixar chegar o sonho...