domingo, 18 de setembro de 2011

Entre dois



Acredito que o amor não é fruto de um acontecimento padrão. Não há fórmula, não há receita, é um feito imprevisível, é o caminho para ser completo.

O amor - carregado de sonhos, fantasias e expectativas - nos domina, nos confunde, nos consome, toma conta de nossas ideias e ideais.

O amor traz consigo o perigo da intensidade dos acontecimentos, a possibilidade de escolha pela história atemporal ou temporal.

A escolha é o que nos salva, é o que nos faz ser o que sempre fomos, infinitamente melhores.

O impacto das escolhas, a força reconfortadora dos desejos que nos envolve e abandona, é um convite para um mergulho inesquecível nessa invenção apaixonante: o amor. 

Invenção sim, pois nada mais é do que uma encantadora surpresa e mistura de nossas vidas, reagindo aos reveses e sobressaltos, rendendo-se à espera do encontro.

Afinal, o que faz uma mulher amar um homem é a confirmação de que não é preciso ter fórmula para ser feliz. Não é preciso receita para ser alegre. Basta que exista o encantamento.

Então me pergunto o que ele cometeu: qual a delicadeza, o que me disse de tão essencial, o que me fez não imaginar meus dias sem ele? O que me fez querer sua companhia a ponto de não cansar de querer conquistá-lo todos os dias?

Tudo me leva a crer que foi sua simplicidade. Eu me impressiono com a forma que observa o que acontece no mundo a sua volta e como é capaz de captar momentos e expressá-los por palavras.

Talvez o modo como gosta de escolher livros, para então desbravá-los. Renovando este gesto a fim de aumentar suas pilhas de livros, ansioso por desfolhá-los incansavelmente. Curtindo com gosto a importância de saborear as miudezas das palavras.

Admiro a forma como gosta de despir as histórias. Alternando as páginas ansiosamente, com as expectativas despertadas pelos personagens. Descobrindo e identificando a forma peculiar de cada autor.

Herdando segredos literários e o desejo pela possibilidade de mundos antes não imaginados. Não há maior prazer, ou igual do que adquirir a experiência compartilhada. Absorver a generosidade de quem escreve.

Assim, tal qual o amor, amar é ser capaz de dizer qualquer coisa e não ser indelicado, ser compreendido sem precisar de explicações. E ainda ser ousado. É conseguir dizer o que ele deseja ouvir. É amar simplesmente, é estar maduro para o mistério, para a cumplicidade. Sem temer o desafio.

Cristiane Queiroz Pimenta {Colaboração especial de Bruno Emmanuel Sanches}