Acredito que o amor não é fruto de um acontecimento padrão. Não há fórmula, não há
receita, é um feito imprevisível, é o caminho para ser completo.
O amor - carregado de sonhos, fantasias e expectativas - nos domina, nos confunde, nos
consome, toma conta de nossas ideias e ideais.
O amor traz
consigo o perigo da intensidade dos acontecimentos, a possibilidade de escolha
pela história atemporal ou temporal.
A escolha é
o que nos salva, é o que nos faz ser o que sempre fomos, infinitamente melhores.
O impacto
das escolhas, a força reconfortadora dos desejos que nos envolve e abandona, é
um convite para um mergulho inesquecível nessa invenção apaixonante: o amor.
Invenção sim, pois nada mais é do que uma encantadora surpresa e mistura de nossas
vidas, reagindo aos reveses e sobressaltos, rendendo-se à espera do encontro.
Afinal, o
que faz uma mulher amar um homem é a confirmação de que não é preciso ter
fórmula para ser feliz. Não é preciso receita para ser alegre. Basta que exista
o encantamento.
Então me
pergunto o que ele cometeu: qual a delicadeza, o que me disse de tão essencial, o que me fez não imaginar meus dias sem ele? O que me fez querer sua companhia a
ponto de não cansar de querer conquistá-lo todos os dias?
Tudo me leva
a crer que foi sua simplicidade. Eu me impressiono com a forma que observa o
que acontece no mundo a sua volta e como é capaz de captar momentos e
expressá-los por palavras.
Talvez o modo como gosta de escolher livros, para então desbravá-los. Renovando este gesto a fim de aumentar suas pilhas de livros, ansioso por desfolhá-los incansavelmente. Curtindo com gosto a importância de saborear as miudezas das palavras.
Admiro a
forma como gosta de despir as histórias. Alternando as páginas ansiosamente,
com as expectativas despertadas pelos personagens. Descobrindo e identificando
a forma peculiar de cada autor.
Herdando
segredos literários e o desejo pela possibilidade de mundos antes não
imaginados. Não há maior prazer, ou igual do que adquirir a experiência
compartilhada. Absorver a generosidade de quem escreve.
Assim, tal
qual o amor, amar é ser capaz de dizer qualquer coisa e não ser indelicado, ser
compreendido sem precisar de explicações. E ainda ser ousado. É conseguir dizer
o que ele deseja ouvir. É amar simplesmente, é estar maduro para o mistério,
para a cumplicidade. Sem temer o
desafio.
Cristiane Queiroz Pimenta {Colaboração especial de Bruno Emmanuel Sanches}