sexta-feira, 29 de junho de 2012

De quem é o olhar

Encontro de dois by crisqpimenta
Encontro de dois, a photo by crisqpimenta on Flickr.

De quem é o olhar
Que espreita por meus olhos ?
Quando penso que vejo,
Quem continua vendo
Enquanto estou pensando ?
Por que caminhos seguem,
Não os meus tristes passos,

Mas a realidade
De eu ter passos comigo ?
Às vezes, na penumbra
Do meu quarto, quando eu
Por mim próprio mesmo
Em alma mal existo,

{Toma um outro sentido
Em mim o Universo -
É uma nódoa esbatida
De eu ser consciente sobre
Minha idéia das coisas.}

Se acenderem as velas
E não houver apenas
A vaga luz de fora -
Não sei que candeeiro
Aceso onde na rua -
Terei foscos desejos
De nunca haver mais nada
No Universo e na Vida
De que o obscuro momento
Que é minha vida agora!

Um momento afluente
Dum rio sempre a ir
Esquecer-se de ser,
Espaço misterioso
Entre espaços desertos
Cujo sentido é nulo
E sem ser nada a nada.
E assim a hora passa
Metafisicamente.

{Fernando Pessoa}

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Caminho do mar




Admirada pelo mar que se desdobra no horizonte
Eis o poder do mar, deslumbrante
Agradecida pelos encontros e desencontros
Anseio o novo, o sobressalto
A calmaria que se estende, além do que se vê
Rezo pelo encanto da caminhada
Peço firmeza aos passos desenhados sobre a areia da vida que nos embala
Encantada pelo ritmo das ondas
Entrego ao mar minhas energias e sonhos
Para que cheguem onde nunca antes poderiam imaginar

*Cristiane Queiroz Pimenta

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Saudade



Quando a saudade bater me lê em algum poema de Drummond, em alguma letra de música de Drexler, em algo que te faz feliz. E me terás como um verso que nunca para de sorrir.


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

domingo, 18 de setembro de 2011

Entre dois



Acredito que o amor não é fruto de um acontecimento padrão. Não há fórmula, não há receita, é um feito imprevisível, é o caminho para ser completo.

O amor - carregado de sonhos, fantasias e expectativas - nos domina, nos confunde, nos consome, toma conta de nossas ideias e ideais.

O amor traz consigo o perigo da intensidade dos acontecimentos, a possibilidade de escolha pela história atemporal ou temporal.

A escolha é o que nos salva, é o que nos faz ser o que sempre fomos, infinitamente melhores.

O impacto das escolhas, a força reconfortadora dos desejos que nos envolve e abandona, é um convite para um mergulho inesquecível nessa invenção apaixonante: o amor. 

Invenção sim, pois nada mais é do que uma encantadora surpresa e mistura de nossas vidas, reagindo aos reveses e sobressaltos, rendendo-se à espera do encontro.

Afinal, o que faz uma mulher amar um homem é a confirmação de que não é preciso ter fórmula para ser feliz. Não é preciso receita para ser alegre. Basta que exista o encantamento.

Então me pergunto o que ele cometeu: qual a delicadeza, o que me disse de tão essencial, o que me fez não imaginar meus dias sem ele? O que me fez querer sua companhia a ponto de não cansar de querer conquistá-lo todos os dias?

Tudo me leva a crer que foi sua simplicidade. Eu me impressiono com a forma que observa o que acontece no mundo a sua volta e como é capaz de captar momentos e expressá-los por palavras.

Talvez o modo como gosta de escolher livros, para então desbravá-los. Renovando este gesto a fim de aumentar suas pilhas de livros, ansioso por desfolhá-los incansavelmente. Curtindo com gosto a importância de saborear as miudezas das palavras.

Admiro a forma como gosta de despir as histórias. Alternando as páginas ansiosamente, com as expectativas despertadas pelos personagens. Descobrindo e identificando a forma peculiar de cada autor.

Herdando segredos literários e o desejo pela possibilidade de mundos antes não imaginados. Não há maior prazer, ou igual do que adquirir a experiência compartilhada. Absorver a generosidade de quem escreve.

Assim, tal qual o amor, amar é ser capaz de dizer qualquer coisa e não ser indelicado, ser compreendido sem precisar de explicações. E ainda ser ousado. É conseguir dizer o que ele deseja ouvir. É amar simplesmente, é estar maduro para o mistério, para a cumplicidade. Sem temer o desafio.

Cristiane Queiroz Pimenta {Colaboração especial de Bruno Emmanuel Sanches}

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Eterna novidade


Trago comigo um desejo antigo, nada secreto. Desejo pela simplicidade, desejo por mergulhar, no canto do conhecimento, na imensidão deste vasto mundo, nas miudezas captadas por olhares detalhistas. Desejo de ter uma memória eternizadora, para alimentar o próximo instante.

Desejo executar os planos de felicidade exatamente agora e não num amanhã incerto. Desejo dias ensolarados, acompanhados por encantamentos. Desejo conversas verdadeiras, encontros inesperados, sendo dispensado o tom acadêmico, as regras, teses e vinculações.

Desejo acreditar num mundo sem disfarces, livre de catástrofes e julgamentos.

Desejo saber o que há de melhor, sobre você, sobre mim, sobre o mundo, sobre onde podemos chegar juntos.

Desejo que me contes, sobre essências e curiosidades que encharcam seu coração, sobre bons acontecimentos, sobre o que te faz rir de felicidade.

Desejo ainda ver brotar novos sonhos, não deixando de realizar os antigos. Desejo compartilhar eternas novidades pelo caminho.

Desejo não perder a doçura, que ela permaneça ilesa de toda indelicadeza.

Desejo não deixar de acreditar na ternura, no encantamento.

Desejo superar as dores e desentendimentos.

Desejo traduzir a sua alma, companhia inseparável. Desejo fazer parte da sua trilha sonora, dos poemas que escreveu, fazer de conta que não há compromisso apesar do imediatismo das obrigações cotidianas.

Desejo relembrar nossa caminhada até chegarmos aqui.

Desejo que compartilhes comigo o novo, mais novo denovo, a novidade, os sentimentos perfumados com seu riso.

Desejo eternizar maluquices românticas, rir e viver sem ter pauta, sem ensaiar roteiros, permitindo o improviso.

Desejo longas conversas de olhares que se entendem, deixando de lado a impaciência, deixando apenas o tempo nos dizer. Desejo compartilhar as coisas boas da vida, explorar as miudezas dela ao seu lado.

Desejo deixar me convencer da sua grandeza humana.

Desejo apenas ter a sua companhia, mesmo se não souber dizer com palavras o que podemos ser um para o outro. Desejo apenas sentir eternizada essa sensação de quem se sente olhada com amor.

sábado, 16 de abril de 2011

Momento

O SOM
Estalado, quintessenciado;
Desdobra-se o silêncio violado.
Inusitado, aquebrantado;
Põe ação, faz-se animar.

O MOVIMENTO
Transportando correntes
Carreadas de eletricidade
Esvaem pelos ares
Ondas infinitesimais.

O LUGAR
Não tenho medo de estar,
Tampouco de permanecer

(Solto)

Denso pela estrada,
Num caminho destroçado
Num adiante empedernido,
Quê sou eu amanhã?

EU?
Indefinições e possibilidades
Suplantador de ideais
Eu sou, tu és

ÉS
Aquilo que desfruto,
Num vintém de amanhãs.
És meu espelho,
Minha redenção.

Bruno Emmanuel Sanches & Cristiane Queiroz Pimenta

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Liberdade



Pela vivência efêmera pululam oportunidades, tais como ficar ou partir, abraçar ou desvencilhar os braços perante as visões que alimentam sonhos e vontades cotidianas.
Talvez o desejo ocaso de experimentar ser um outro alguém qualquer, pela impetuosa vontade de provar novas histórias, destinos paralelos, sem que fosse preciso recomeçar, apenas reinventar o que já se possuí.
Mas diante tais impossibilidades, estendo um olhar sobre este horizonte tecido por vivências esparsas e resta-me a vontade de desvendar, fazer parte dessas diversas histórias, repletas de encontros e desencontros.

Ser livre para ser autêntico? Ser livre para ser você mesmo? É de minha escolha como será esta caminhada, ciente de que é preciso apenas ter um pouco de cautela para não esquecer dos detalhes simples, das necessidades essenciais, do encanto por aquilo que à ninguém pertence e que cresce radiante, todavia, sendo irremediavelmente fiel aos que fazem parte dessa história.
Lembrando que o inesperado esta sempre à espreita, tal qual uma surpresa conveniente, dando sempre um novo sentido ao que possuímos, a este “sonho louco que é viver”.
Por Cristiane Queiroz Pimenta

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Afazeres



 Dos afazeres necessários
Dispendiosos e ordinários
Esta na ordem do dia
Protelar por bagatela
Meros afazeres sumários
Pura meritocracia designada
Sem deméritos
É a real, de fato
Manifesta bajulação aristocrata
Assim, tenho dito

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Afinal


 

Sigo teus passos
Amanhã, através do tempo
Farei dele meu compasso
E o amor há de estar aqui


Eis que esta canção surgiu
Quase sem querer


Afinal, te encontrei
Quando estava prestes à perder


Haveria merecimento?
Para tanto contentamento?
Entretanto, imagino


Que a felicidade a gente é que sabe
Nunca se é tarde


Sigo a te acompanhar
E caso preciso for
Irei sem duvidar
Para qualquer lugar
És o meu caminho


Afinal, somos pensamento à caminho do mar.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sobre você

 

ponte

 

Meu amor

Rega-me de alegria

Queria cantar-te

Toda paz que faz brotar aqui dentro

Ilumina meus sonhos

Enquanto escrevo o nosso mundo

 

Conte-me querido

O que te faz querer cantar

Os sonhos que te alimentam a alma

 

Fale-me sobre o frescor das noites enluaradas

Sobre as primaveras ensolaradas

Sobre as delícias de caminhos deslumbrados

Sobre as minúcias de quem observa o mundo

Encantamentos, amores, pesares

 

Cante a diversão que te contagia

Sobre o amor para uma vida toda

 

Quero descobrir a melhor receita

Àquela que lhe dê água na boca

Que aumente o encanto dos momentos

Tempere e adoce nossa euforia

 

A vida contrapõe ao inesperado

O inesperado complementa o desejo

De fazer surgir o início dessa canção

 

Quero lhe contar como cheguei até aqui

Sobre o seu desvendar diante meus olhos

Quero compartilhar as músicas, as minúcias

Do nosso existir

 

Fui conquistada pelo seu olhar sincero

Me rendi ao desejo de ser envolvida por seus braços

Quero ser surpresa, enquanto sou surpreendida

 

Me perco e encontro, em pensamentos que são seus

Sem mais distâncias enquanto vivemos, cotidianos

 

Encontro nas palavras, a inspiração do nós

Acreditando ser possível cantar toda poesia que nos envolve

Afinal, fui encontrada por você no meio dessa multidão

 

Assim, sem mais desencontros

Desejo ser sua, para todo o sempre

Quero viver essa história, descaradamente

Para chegar simplesmente sem improviso e por inteiro

 

Quero ser aquela saudade deliciosa

Dormir sob teu olhar inspirador

Que me faz transbordar sentimentos perfumados

 

Que nossa música seja tal qual um samba da eterna alegria

Quero traduzir noss´alma

Desdobrando versos intermináveis

Sem faz de conta

Sem olvidar

 

Conte-me das estrelas que admirou

Das pessoas pelas quais se apaixonou

 

Cante-me toda a beleza que há em seu olhar

Como se só ela existisse, querido

Sobre algum gesto que te fez parar, pensar

Sobre tudo por que sente encanto

 

Para que não abandonemos o olhar inocente

Sobre as coisas simples

Mas tão repletas que estão à nossa frente

 

Conte-me sobre o que te fez sorrir, chorar

Sobre o futuro que imagina

Sobre seus sonhos de quando criança

Sobre seus irmãos de alma

Sobre toda a verdade que é sua

Sobre o seu caminho, suas conquistas

 

Falaremos sobre alegrias repletas de riso

Quero temperar a nossa história

Vamos sonhar, construir, arquitetar, vivenciar

Dividiremos as dificuldades e tombos

Com olhar de quem sabe que talvez fosse realmente preciso

 

Sobre o amor e suas surpresas

Quando descobrimos que a resposta estava em nós

 

Nós somos os arquitetos desta construção

Onde só o tempo irá mostrar onde iremos desaguar

 

Compartilhemos todo receio e toda certeza

Sem meios termos, sem ensaios

Que sejamos inteiros

Que haja sempre a troca

De confidências, olhares, significados

 

Quero contar sobre mim

Quero ousar para reinventar o tempo que nos é dado

Somos a resposta

Para o que a vida nos traz

Sobre as minúcias e grandezas de quem ama

Por ora, estamos convencidos

Sobre o caminho que queremos trilhar

 

Sem mais demora, querido

Sigo o caminho de seus braços

 

Quero a simplicidade das coisas

O encanto das descobertas

 

Quero cantar-lhe o samba de meu coração

Deixar meus olhos descansarem sob os seus

Até ver brotar aquele brilhante riso no seu olhar

Vamos conversar, trocar silêncios

Sem jamais cansar

 

Afinal, sabemos que há coisas que não precisam ser ditas...

Canções


Paulinho Moska – Show em Botucatu (29/10/2010)

 

Partimos rumo à viagem
Apressando os passos em direção ao despertar
Seguimos o caminho de seus braços
Para então ver o dia se condensar
 
Abra os olhos para ver o que te faz querer sonhar
Esse sonho de viver, amar, dar cores
Veja, surgirão novas cores na paleta do existir
 
Quero viver tal qual o artista
Que com toda calma, alma
Sente, expressa, faz circular o amor
 
Transparecer a união lúcida, nítida
Do ser e existir
Do amar e permanecer
 
Fazendo esvair pelos ares
Ondas encantadoras
Da música que dança
Por entre as cordas de seu violão
 
A mágica de suas canções nos faz sentir
Nós ouvintes somos convertidos pelo encanto
Dominados por sensações semeadas em nosso ser
 
Transportemos a magia das canções
Canções que descrevem nosso viver
Unindo amores, estreitando laços
Dando novos ares, ao amor, ao viver
 
Ah...a música!
Chegando de algum lugar
O canto de quem sabe cantar o viver
Ouço com todo o encanto
Nunca ei, de me cansar e sentir
O que toda boa música nos faz, traz
 
Aquele músico abraçado ao violão
Já me fez chorar
Lágrimas de tristeza e alegria
 
Todavia, mantenho olhos e ouvidos à espreita
Daquele que canta
Canções que são seu maior bem-querer
 
Diante de uma praça ladrilhada por paralelepípedos
Espalhou sementes pelo ar
No espaço que com sua música, fez girar
Traçando novas linhas, dando novas cores
Com sua presença atemporal
E canções de caminhos deslumbrados
Compartilhando sua arte inspiradora
Para com os seus
 
Afinal, restou a certeza cantada
De que todo dia é dia de aprender
Do muito que a música nos traz
 
Em recordação ao show inesquecível do Paulinho Moska, que recebeu à mim e meu amor de forma encantadora!
 
DSC04270

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Vênus (Paulinho Moska)



Composição: Paulinho Moska

Quando a sua voz me falou: vamos
Eu vi deus sentado em seu trono: vênus
A religião que nós dois inventamos

Merece um definitivo talvez... pelo menos

Perceba que o que me configura
É sempre essa beleza
Que jorra do seu jeito de olhar

Do seu jeito de dar amor
Me dar amor


Não te dei nada que seja impuro
No futuro também vai ser assim
Se hoje amanheceu um dia escuro
Foi porque capturei o sol pra mim


Perceba que o que te configura
É sempre essa beleza
Que jorra do meu jeito de olhar
Do meu jeito de dar amor

Te dar amor

Perceba que o que nos configura
É sempre essa beleza
Que jorra do nosso jeito de olhar

Nosso jeito de dar amor
Nos dar amor


Não falo do amor romântico,
Aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
E pensam que o amor é alguma coisa
Que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,
Antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.

Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?
Minha resposta?

O amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
O amor será sempre o desconhecido,
A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.


A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
Decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
E nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor e não podemos castrá-lo.

O amor não é orgânico.

Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.

Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha
E nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.


O amor brilha.
Como uma aurora colorida e misteriosa,
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio
Porque somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo.

O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
Me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.


E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.